quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Número 32

"O Governo vai anunciar, em breve, a viabilização do grupo Investvar, mais conhecido pela marca Aerosoles. A salvação da maior fabricante portuguesa de calçado, soube o Negócios, deverá ser realizada através do Fundo de Recuperação, onde participam os mesmos bancos credores da Investvar, a ECS Capital (de António de Sousa) e a Direcção-Geral do Tesouro."
 
Mas porquê salvar uma empresa que se provou inviável e que ainda por cima de portuguesa têm pouco?
 
O Design é Italiano, a marca dos EUA, têm fábricas na Índia para pagar menos aos trabalhadores portugueses...
 
 "Tudo somado, a operação indiana permite uma poupança que ultrapassa os 30%. Às vezes mais. Os salários, por exemplo, são um décimo do que se paga em Portugal. Nem sequer a fábrica que têm na Roménia é tão competitiva. Na Índia, uma operária ganha pouco mais de 40 euros por mês, o preço de um par de sapatos sem luxos da Aerosoles. Além disso, só há nove dias de férias por ano, sem contar com os feriados. É por isso que a operação indiana ganha peso. A Aerosoles já fechou uma fábrica em Portugal e vendeu outra. Não vai ficar por aqui.

Nem tudo é produzido na unidade de Ranipet. Há uma dezena de pequenas empresas subcontratadas na região que trabalham para o grupo português. Sukamal é um desses empresários subcontratados. Fisicamente, parece o Sandokan, embora menos atlético e sem fita na cabeça. O que Sukamal fabrica não seria rentável produzir na unidade principal: seria precisa demasiada mão-de-obra. O edifício rectangular que construiu é o oposto da fábrica portuguesa. A sala onde estão as 70 operárias é apertada, cheira a cola, há restos no chão, a atmosfera é quente e húmida. O zzzzzz das máquinas de coser é cortante, sobrepõe-se às vozes das raparigas de sari que trabalham aqui de segunda a sábado, seis dias por semana, oito horas por dia. O pequeno empreendedor indiano contrata quem lhe apetece, desde que não sejam crianças. Essa imposição é feita pela Aerosoles. Para evitar ilegalidades e desleixos, os portugueses têm um controlador indiano em cada uma destas pequenas fábricas; além disso, fazem visitas surpresa."
 
 

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